jueves, 25 de junio de 2009

Balada da Fábula Urbis. Um presente para nós.


O meu grande amigo e poeta José do Carmo Francisco, depois de ler este blogue e ver a fotografia do cabeçalho, escreveu esta balada com janelas, Lisboa e miradouros.É para nós, janelantes...

Obrigada, José, e até Agosto!


Balada da Fábula Urbis

Na antiga marcenaria
Numa das sete colinas
Há um lugar de poesia
Numa casa sem esquinas

No gaveto de duas ruas
Sobreloja, boas vistas
Uma hora vale por duas
No roteiro dos turistas

Um piano e uma guitarra
Personagens num estrado
A música alcança a barra
Do Tejo que passa ao lado

Na passagem das figuras
As coisas mais importantes
São as rodas das viaturas
E os livros nestas estantes

Para quem já perdeu a fé
Ou apanhou grande susto
Senta-se e bebe um café
Ajuda o comércio justo

Nas janelas de Lisboa
Entre vozes de vizinhas
Na roupa a secar à toa
Há gatos e cuequinhas

Já passou um amarelo
A caminho dos Prazeres
Na direcção do Castelo
Ouvi risos de mulheres

Vozes puras, de cristal
Miradouro da alegria
São sonhos de Portugal
Na porta da Livraria

José do Carmo Francisco



José do Carmo Francisco (Portugal, 1951), foi Prémio Revelação da Associação Portuguesa de Escritores com o livro "Iniciais". É secretário da Associação Portuguesa de Críticos Literários.
Autor dos livros: "Iniciais" (1981), "Universário" (1982), "Transporte Sentimental" (1987), "Jogos Olímpicos" (1988), "1983 - Um resumo" (1991), "Leme de luz" (1993), "Mesa dos Extravagantes" (1997), "As emboscadas do esquecimento" (1999), "De súbito" (2001), "Os guarda-redes morrem ao Domingo" (2002), "O Saco do Adeus" (2003), "Pedro Barbosa, Jesus Correia, Vítor Damas e outros retratos" (2005) y "Mansões abandonadas" (2007).

4 comentarios:

António dijo...

Muito obrigado!
Obrigado Carlos pelos versos e obrigado Marta por trazeres e descobrires para nós seu amigo.

Graça Pires dijo...

Um poema bem ao jeito do Zé do Carmo que tão bem conhece Lisboa, os seus costumes e as suas gentes. Um abraço, Zé do Carmo.
Um beijo Marta.

P. Piu-piu dijo...

Obrigados Zé, por tanta bela palavra de boas-vindas.
~
~
~
~
~
~

Anónimo dijo...

Já agora muda lá o Carlos para José, não custa nada... JCF